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Oito minutos e quarenta e seis segundos. Esse foi a duração total na qual o policial Derek Chauvin pressionou George Floyd, de 46 anos, contra o chão até sua morte, em 25 de maio. A morte causou revolta nos Estados Unidos, o movimento Black Lives Matter (em tradução livre, Vidas Negras Importam) ganhou uma nova força e não demorou muito para que o mundo se levantasse contra o abuso da força policial contra pessoas negras.

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George não foi o primeiro e muito provavelmente não será o último enquanto o sistema não mudar. Nos Estados Unidos, Sandra Bland, Breonna Taylor e Eric Garner. No Brasil, Ágatha Félix, João Pedro e Marcos Vinícius são alguns dos vários nomes que perderam suas vidas durante operações policiais.

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Segundo uma investigação do The New York Times (via El Pais), entre a abordagem policial até a morte de George Floyd, foram oito minutos e quarenta e seis segundos. Em cinco minutos, Floyd disse 16 vezes que não conseguia respirar. Durante os quase nove minutos, Floyd ficou inconsciente durante três.

A força policial é instrumento

de coerção de um Estado que margiliza

cidadãos pretos e minorias raciais”

Flávia Viana, bacharel em sociologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que “a força policial é instrumento de coerção de um Estado que marginaliza cidadãos pretos e de minorias raciais”.

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“Assistir um episódio de abuso policial tão evidente ocorrendo no meio da rua, em dia claro, parece ter mexido bastante com as pessoas, e principalmente os mais jovens, o que levou muitos - sendo estes pretos e não-pretos – à exigir que a morte de George não ficasse impune quando existem filmagens que dificilmente permitiriam que a narrativa fosse virada a favor dos policiais, como é o mais comum”.

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O movimento a favor da justiça e prisão dos envolvidos se alastrou no mundo. No Brasil, não foi diferente. Quase uma semana antes da morte de George, o Brasil perdeu João Pedro, de 14 anos, durante uma operação policial no Rio de Janeiro. Assim, no último domingo (7), manifestações antirracistas se espalharam no país, além de movimentos contra o governo de Jair Bolsonaro.

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“Nossos casos, aliás, são muito mais corriqueiros que nos Estados Unidos e homens negros compõem o grupo que mais morre no país, mas por aqui as notícias do genocídio da população negra não são recebidas com tanta solidariedade e/ou revolta pela população não-preta, o que, em nosso atual momento, é incrivelmente sintomático da nossa sociedade e torna questionável o engajamento de muitas pessoas à luta por George Floyd”.

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Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, em 2018, 6.220 pessoas foram mortas em decorrência de intervenções policiais, o que representa um aumento de 19,6% em relação a 2017. Deste montante, 75,4% são pessoas negras, cerca de 4,6 mil. Diariamente, 17 pessoas foram mortas em 2018 devido a ações policiais.

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Derek Chauvin, J. Alexander Kueng, Tou Thao e Thomas Lane, quarteto envolvido na morte de George, já foram presos. Thomas, entretanto, já se encontra em liberdade porque pagou uma fiança no valor de R$ 3,7 milhões. Viana afirma que poderia atribuir o baixo engajamento nas redes sociais nos últimos dias justamente a prisão se não houvessem outros fatores, como a influência de marcas, artistas e políticos.

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“Vejo que muitas delas [marcas, artistas, políticos e mídia] estão voltando ao normal com a sensação de trabalho cumprido após duas semanas de postagens ‘normais’ suspensas e o uso de suas plataformas para chamar atenção ao movimento, e partir do momento em que elas se sentem confortáveis para retornar suas atividades, outras também se sentem à vontade para fazê-lo”.

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O movimento Black Lives Matter, como ela mesmo explica, não é somente uma tag. “Os motivos que tornaram o seu nascimento necessário precisam ser lembrados não somente enquanto hashtags estavam sendo compartilhadas por artistas ou enquanto os assassinos de George Floyd estavam soltos”.

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#VidasNegrasImportam

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Neste link, é possível encontrar diversas formas de agregar ao movimento #VidasNegras Importam. Há documentos com textos importantes para entender sobre o racismo (em português e inglês) e o próprio movimento Black Lives Matter, dicas para protestantes, petições, doações e também um modo de contribuir para aqueles que não possuem condição financeira para tal.

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